abril 27, 2016

viagens


Podemos cruzar-nos na rua todos os dias com as mesmas pessoas sem lhes dizer bom dia, passar todos os dias pela mesma árvore e não prestar atenção às suas cores, entreter-nos com a música que se solta do nosso i-qualquer coisa sem nunca ouvir o cantar dos pássaros. Certo?









Há anos que percorro esta estrada. No inicio era só uma viagem bastante chata, com curvas a mais para o meu estômago, duas horas quase intermináveis. Depois comecei a reparar na paisagem, numa espécie de exercício de auto-ajuda de quem não gosta mesmo de viagens... chatas! E sabem que mais? O caminho é sempre o mesmo mas a paisagem altera-se, consoante a estação do ano ou a hora a que me faço à estrada. Vejo árvores despidas, balançadas pelo vento, a reflectirem as suas sombras ao luar. Vejo campos dourados e animais pachorrentos ao final do dia, maquiados pelo por do sol. Vejo o verde ganhar vida, as cegonhas a construírem os ninhos,  as cores da primavera a pintarem o céu azul. Aponto pela janela para que eles aprendam a apreciar cada km, mesmo sabendo que preferiam soltar as suas pernas nos campos a prender os olhos na janela. E digo-lhes que um dia paramos no caminho e fazemos um picnic no campo que nos enriquece a viagem. Deitamo-nos nas planicíes a contemplar as nuvens desenhadas no céu, enquanto ao nosso lado se passeiam as vacas e ovelhas, e sobre nós sobrevoam as cegonhas cheias de graça.


Desta vez viajei sozinha e não perdi pitada. E o resultado está aqui, parecem pinturas. (sem qualquer retoque!)


Alguém disse uma vez, qualquer coisa como "o que importa é a viagem e não o destino." Não sei quem terá sido, mas é uma grande verdade! 



Sofia**






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